“Come Away” mira na reinvenção e acerta na fanfic

Caio Coletti
2 min readFeb 15, 2021

--

COME AWAY (Reino Unido, 2020)

As histórias de “Peter Pan” e “Alice no País das Maravilhas” já foram contadas e recontadas de tantas formas (a maioria delas, cansadas e fracassadas) no cinema que chega a ser um pecado criticar um filme que se esforça genuinamente para colocá-las em um contexto diferente, usá-las como bases para construir uma narrativa distinta.

No entanto, é difícil negar que “Come Away” mira na reinvenção, mas acerta na “fanfic”. O script de Marissa Kate Goodhill, como tantas histórias on-line inspiradas por franquias populares, tem preocupações demais, e foco de menos — misturando suas metáforas e relutando em nos dar mais do que breves flashes de fantasia, ela cria um mundo incompleto, e seus acenos para o cânone das histórias clássicas raramente soam mais do que amadorísticos.

Se “Come Away” preserva um pouco de emoção, culpe a diretora Brenda Chapman, estreando no live-action após trabalhos marcantes na animação (“O Príncipe do Egito” e “Valente” são dela). O faro visual que ela mostrou no mundo digital permanece aqui, e ela encontra o equilíbrio certo entre simplicidade e impacto, assistida por trabalhos sensíveis e elaborados de figurino (Louise Stjernsward) e design de produção (Luciana Arrighi).

No elenco, Angelina Jolie e David Oyelowo criam um casal crível, e Anna Chancellor faz um retrato convincente de cinismo com boas intenções — mas todos são óbvios coadjuvantes para as performances carismáticas das crianças, especialmente Jordan A. Nash, que empresta verdade à luta de Peter contra um sistema social que não compreende sua marca específica de brilhantismo.

Essa perspectiva diferente sobre a lenda de Peter Pan é o que há de mais genuíno e interessante em “Come Away”. Quem dera ele tivesse tido a obstinação de desenvolver suas próprias ideias até o fim.

5/10

--

--

Caio Coletti
Caio Coletti

Written by Caio Coletti

Jornalista. Repórter do Omelete. Poptimist.

No responses yet