“Little Voice” é uma série charmosa elevada por canções hipnotizantes

Caio Coletti
2 min readJan 28, 2021

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LITTLE VOICE, 1ª TEMPORADA (EUA, 2020)

Uma Nova York calorosamente iluminada se estende diante de Bess King em “Little Voice”, a gentil (mas honesta) reimaginação da história de ascensão à fama pelas mãos de Sara Bareilles e Jessie Nelson.

Durante os nove episódios da primeira temporada, a série da Apple TV+ evoca uma metrópole encantadora, cheia de oportunidades e comunidades; mas também cruel em suas tentações e em seu tamanho, que torna insignificante, em quase todas as perspectivas, o drama pessoal de cada um que passeia por suas ruas.

Às vezes (especialmente em “Quick, Quick Slow”, o 1x05) essa combinação vem embrulhada em intoxicante romantismo, levado com cuidado por direção (aqui, Emma Westenberg), edição (Erica Freed Marker) e fotografia (Jim Frohna) para adquirir a cadência deliberada e a avidez emocional que caracterizam não só a história, como a arte de sua criadora.

Falo, é claro, de Sara Bareilles. Aqui, ela extrapola as suas fronteiras autorais para criar, para “Little Voice”, canções que são inconfundivelmente suas, mas também carregam algo de atuação. A sensibilidade lírica de Bess escapa um pouco das influências soul de Sara, e se aproxima mais da fluidez do teatro musical e do folk.

Bareilles e seus colaboradores, brilhantemente, criam canções que expressam a ingenuidade machucada que é intrínseca da personagem. Da amarga “Simple and True” até a errante (e deliciosa) “In July”, os episódios de “Little Voice” vibram com escolhas musicais geniosas mesmo quando as suas escolhas narrativas e visuais não se elevam tanto quanto poderiam.

Da forma como está, a série é um charme discreto, não um grande acerto. Às vezes, é mais do que o bastante.

8/10

Onde ver: Apple TV+.

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Caio Coletti
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Written by Caio Coletti

Jornalista. Repórter do Omelete. Poptimist.

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