“O Grande Ivan” é uma multidão de filmes em um — e todos pela metade

Caio Coletti
2 min readFeb 8, 2021

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O GRANDE IVAN (The One and Only Ivan, EUA, 2020)

Falta comprometimento a “O Grande Ivan”, como falta a muitas produções “familiares” da Disney no cinema.

O longa de Thea Sharrock, parcialmente inspirado em uma história real, ensaia várias coisas interessantes: podia ter sido, por exemplo, uma aventura descompromissada e carismática, à la “Sessão da Tarde”. Quando os animais do longa fazem sua primeira fuga, acende-se nele um prazer óbvio de explorar as personalidades dos personagens e as situações em que eles podem se meter no mundo de fora.

Aqui, a direção de Sharrock brilha em timing cômico e senso de espaço. Mas, preso tanto por sua fidelidade à história real quanto pela aparente vontade da Disney de realizar um longa mais correto do que realmente divertido, “O Grande Ivan” encurta essa aventura de maneira anticlimática.

Ele também poderia ter sido, se quisesse, um filme ambientalista sério e sentido. A preocupação com o bem estar dos animais parece genuína no roteiro de Mike White, mas ele também sai do próprio caminho para não condenar ou vilanizar ninguém. E fugir do maniqueísmo é interessante, mas o esforço hercúleo de “O Grande Ivan” para isso faz com que ele soe rendido às demandas corporativas, sem propósito, ao invés de corajosamente complexo.

Os efeitos que criam os animais são deslumbrantes, demonstrando admirável evolução de uma técnica que já produziu vários Frankenstein’s cinematográficos. Mas eles estão inseridos em um filme que é muitas coisas, e todas pela metade — e o espetáculo digital não adianta muito sem a confiança que qualquer obra de arte precisa ter para abraçar a si mesma.

5/10

Onde ver: Disney+.

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Written by Caio Coletti

Jornalista. Repórter do Omelete. Poptimist.

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