“The Twilight Zone” se fortalece com uma temporada bizarra — e brilhante

THE TWILIGHT ZONE, 2ª TEMPORADA (EUA, 2020)

Embora a primeira temporada da nova “The Twilight Zone” tenha sido, se você me perguntar, melhor do que a reputação que ela adquiriu nos círculos virtuais e críticos, é muito claro que, nesse segundo ano, a criação de Jordan Peele realmente encontrou o seu ritmo.

Aqui, muito embora Peele não tenha dirigido nenhum episódio e tenha escrito apenas um, a série desenvolve um pouco da marca dele. O tom das observações sociais, que sempre foram chave para o impacto das outras versões de “The Twilight Zone” e dos filmes do cineasta, é recalibrado para uma sutileza que não ofende a inteligência do espectador — essa segunda temporada confia que entendemos o que ela quer dizer sem que ela grite na nossa cara.

Também aqui, Peele imprime um lado satírico, entregue aos instintos mais básicos da ficção científica, que é delicioso, e que também permeia seu trabalho no cinema. “8” (2x06) é, com a assistência essencial do maestro do kitsch Glen Morgan, um absurdo divertidíssimo, que implora para que nos rendamos à sua própria estupidez, e recompensa aqueles que o fazem fartamente.

Nem sempre a comédia descamba para o absurdo, no entanto. No thriller teen afiadíssimo de “Among the Untrodden” (2x05), cortesia da diretora Tayarisha Poe e da roteirista Heather Anne Campbell, a sátira de costumes é assistência essencial para um dos episódios de TV mais visualmente distintos e tematicamente intrigantes, com seu entendimento profundo das mecânicas do bullying, de 2020.

E, em “Try, Try” (2x09), dirigido por Jen McGowan e escrito por Alex Rubens, o carisma das interações entre os personagens esconde a observação social mais mordaz, mais chocante e mais eficiente não só da temporada de “The Twilight Zone”, como da série toda até agora.

Com poucos deslizes (“Downtime” é o que menos me atiçou entre os capítulos) e muitas surpresas (o desajuste visual enervante do finale, “You Might Also Like”), esta leva de episódios consolida “The Twilight Zone” como uma fonte confiável de boa ficção científica — se você for capaz de sintonizar a frequência bizarra e fascinante em que ela trabalha.

9/10

Onde ver: Amazon Prime Video.